Inácio foi bispo de Antioquia da Síria entre 68 e 1003 ou 1074 , discípulo do apóstolo João, também conheceu São Paulo e foi sucessor de São Pedro na igreja em Antioquia fundada pelo próprio apóstolo. Segundo Eusébio de Cesareia, Inácio foi o terceiro bispo de Antioquia da Síria e segundo Orígenes teria sido o segundo bispo da cidade. Inácio foi detido pelas autoridades e transportado para Roma, onde foi condenado à morte no Coliseu, e foi martirizado por leões.
Unidade da Igreja
Inácio enfatiza nas suas cartas para que se preserve a unidade da Igreja de Cristo: "Convém estardes sempre de acordo com o modo de pensar do vosso Bispo. Por outro lado, já o estais, pois o vosso presbitério, famoso justamente por isto e digno de Deus, sintoniza com o Bispo da mesma forma que as cordas de uma harpa. Com vossos sentimentos unânimes, e na harmonia da caridade, constituís um canto a Jesus Cristo.
Mas também cada um deve formar juntamente com os outros, um coro. A concórdia fará com que sejais uníssonos. A unidade vos fará tomar o dom de Deus, e podereis cantar a uma só voz ao Pai por Jesus Cristo. Também ele, então, escutar´vos´á e reconhecerá pelas obras que sois membros do seu Filho. Importante, por conseguinte, vivermos numa irrepreensível unidade. Assim poderemos participar constantemente da união com Deus".
Pois assim, unidos numa mesma Fé tanto será mais forte a oração. A caridade esta diretamente ligada a unidade da Igreja, por isso Inácio chama de orgulhoso aquele que não guarda a unidade da Igreja junto com o Bispo:
"Se a oração de duas pessoas juntas tem tal força, quanto mais a do bispo e de toda a Igreja! Aquele que não participa da reunião é orgulhoso e já está por si mesmo julgado, pois está escrito: "Deus resiste aos orgulhosos." Tenhamos cuidado, por tanto, para não resistirmos ao Bispo, a fim de estarmos submetidos a Deus.".
Cristãos muito mais do que uma seita
Os discípulos de Jesus eram chamados de nazarenos vistos como uma seita dentro do judaísmo, posteriormente como vimos acima os discípulos de Jesus então são conhecidos como cristãos, como registrado nos Atos dos Apóstolos. Isso é um fato muito significativo, pois os discípulos de Jesus Cristo não são reduzidos a serem meramente mais uma seita do judaísmo, mas são os discípulos do Messias prometido a humanidade, e, portanto, a obra da salvação atinge sua plenitude em Cristo tornando-se universal, daí dos cristãos antigamente serem chamados de católicos, pois Católica significa Universal.
"Onde está Cristo Jesus, está a Igreja Católica (Universal).
"Segui ao Bispo, vós todos, como Jesus Cristo ao Pai. Segui ao presbítero como aos Apóstolos. Respeitai os diáconos como ao preceito de Deus. Ninguém ouse fazer sem o Bispo coisa alguma concernente à Igreja. Como válida só se tenha a Eucaristia celebrada sob a presidência do bispo ou de um delegado seu.
A comunidade se reúne onde estiver o Bispo e onde está Jesus Cristo está a Igreja de todos. Sem a união do Bispo não é lícito Batizar nem celebrar a Eucaristia; só o que tiver a sua aprovação será do agrado de Deus e assim será firme e seguro o que fizerdes".
Inácio também afirma em suas cartas: "Roma preside a Igreja na caridade." (Carta aos Romanos Prólogo).
Jesus Cristo
Inácio revela-se conhecedor das processões divinas em Deus, ao reconhecer no Cristo a processão intelectiva de Deus: "De fato, Jesus Cristo, nossa vida inseparável, é o pensamento do Pai", o que seria mais tarde explicado à luz da filosofia por São Tomás de Aquino.
É interessante constatar como as comunidades cristãs no século I tinham um conhecimento aprofundado da natureza de Deus, Jesus Cristo é: "gerado e não criado, Deus feito carne". Gerado e não criado (ingênito).
Com este testemunho, Inácio trouxe para a construção do Dogma, pedras sólidas que ajudaram o Primeiro Concílio de Niceia (325 d.C.) a fixar no Credo o genitum non factum, isto é, gerado e não criado. Embora Inácio ainda não tivesse esta precisão, Atanásio de Alexandria, que colaborou na elaboração do vocábulo, reconheceu a perfeita ortodoxia no texto desta carta.
Inácio reconhecia a autoridade da Igreja de Roma sobre as demais igrejas. Para ele, Pedro e Paulo teriam pregado naquela cidade.
Trindade
"Procurai manter-vos firmes nos ensinamentos do Senhor e dos apóstolos, para que prospere tudo o que fizerdes na carne e no espírito, na fé e no amor, no Filho, no Pai e no Espírito, no princípio e no fim, unidos ao vosso digníssimo bispo e à preciosa coroa espiritual formada pelos vossos presbíteros e diáconos segundo Deus. Sejam submissos ao bispo e também uns aos outros, assim como Jesus Cristo se submeteu, na carne, ao Pai, e os apóstolos se submeteram a Cristo, ao Pai e ao Espírito, a fim de que haja união, tanto física como espiritual".
Maria no cristianismo
Inácio além de afirmar a Divindade de Cristo também afirma a virgindade de Maria e sua descendência do Rei Davi:
"E permaneceram ocultos ao príncipe desse mundo a Virgindade de Maria e seu parto, bem como a morte do Senhor: três mistérios de clamor, realizados no silêncio de Deus" .
"A verdade é que o nosso Deus, Jesus, o Ungido, foi concebido de Maria segundo a economia divina; nasceu da estirpe de Daví, mas também do Espírito Santo".
O culto dos cristãos
Os cristãos se vêm confrontados com uma corrente de pensamento chamada docetismo, que vai negar que "o Verbo Se fez carne", ou seja, vão negar que Jesus Cristo tenha assumido a natureza humana. Uma das consequências de tal doutrina é que vão considerar impossível de que no culto que Cristo instituiu na Santa Ceia, e pediu, ordenou que fizesse em Sua memória o Pão seja o Corpo de Cristo e o Vinho seja o Sangue de Cristo:
"Ficam longe da Eucaristia e da oração, porque não querem reconhecer que a Eucaristia é a Carne do nosso Salvador, Jesus Cristo, a qual padeceu pelos nossos pecados e a qual o Pai, na Sua bondade, ressuscitou. Estes, que negam o dom de Deus, encontram a morte na mesma contestação deles. Seria melhor para eles que praticassem a caridade, para depois ressuscitar."
E o mesmo Inácio, na epístola aos Filadelfos, diz:
"Assegurem, portanto, que se observe uma Eucaristia comum; pois há apenas um Corpo de Nosso Senhor, e apenas um cálice de união com Seu Sangue, e apenas um altar de sacrifício - assim como há um bispo, um clérigo, e meus caros servidores, os diáconos. Isto irá assegurar que todo o seu proceder está de acordo com a vontade de Deus."
Assim essa corrente de pensamento motivou testemunhos preciosos das comunidades cristãs a respeito de sua Fé na presença real (Corpo, Sangue, Alma e Divindade) de Cristo na Eucaristia.
O dia em que os cristãos se reuniam
Inácio também declara que os cristãos herdeiros da Nova Aliança não guardam mais o sábado, mas se reúnem no dia do Senhor (o domingo):
"Aqueles que viviam na antiga ordem de coisas chegaram à nova esperança, e não observam mais o sábado, mas o dia do Senhor, em que a nossa vida se levantou por meio dele e da sua morte. Alguns negam isso, mas é por meio desse mistério que recebemos a fé e no qual perseveramos para ser discípulos de Jesus Cristo, nosso único Mestre".
Obra
Inácio escreveu sete cartas, as chamadas Epístolas de Inácio, preservadas no Codex Hierosolymitanus:
Epístola a Policarpo de Esmirna
Epístola aos Efésios
Epístola aos Esmirniotas
Epístola aos Filadélfos
Epístola aos Magnésios
Epístola aos Romanos
Epístola aos Trálios
Epístolas de Pseudo-Inácio[editar]
Epístolas que foram atribuídas à Inácio, mas de origem espúria, incluem2 :
Epístola aos Tarsos
Epístola aos Antióquios
Epístola a Hero, um diácono de Antioquia
Epístola aos Filipenses
Epístola de Maria, a prosélita, para Inácio
Epístola para Maria de Neápolis (em Zarbo)
Primeira Epístola para São João
Segunda Epístola para São João
A Epístola de Inácio para Maria
Policarpo de Esmirna
Policarpo de Esmirna foi um bispo cristão de Esmirna do século II . De acordo com a obra "Martírio de Policarpo", ele foi apunhalado quando estava amarrado numa estaca para ser queimado-vivo e as chamas milagrosamente não o tocavam . Ele é considerado por isso um mártir e um santo por diversas denominações cristãs.
Policarpo havia sido discípulo do apóstolo João, fato atestado por Ireneu de Lyon , que ouviu-o discursar quando jovem, e por Tertuliano .
A tradição primitiva que foi expandida pelo "Martírio...", ligando Policarpo em contraste com o apóstolo João que, apesar de muitas tentativas de assassinato, não foi martirizado e teria morrido de velhice após ser exilado para a ilha de Patmos, se baseia nos chamados "Fragmentos de Harris", papiros fragmentários em copta datados entre os séculos III e VI . Frederick Weidmann, o editor dos fragmentos, interpreta-os como sendo parte de uma hagiografia esmirniota num contexto de rivalidade entre as igrejas de Esmirna e Éfeso, que "desenvolve a associação de Policarpo a João num nível desconhecido - até onde sabemos - até a época ou depois." . Os fragmentos contudo ecoam o "Martírio..." e também divergem dele.
Com Clemente de Roma e Inácio de Antioquia, Policarpo é considerado um dos três principais Cristãos Apostólicos. A única obra sobrevivente atribuída a ele é a Epístola de Policarpo aos Filipenses, relatada pela primeira vez por Ireneu.
Vida
Há duas fontes principais para informações sobre a vida de Policarpo: o "Martírio de Policarpo", uma carta aos esmirniotas recontando seu martírio, e as passagens na Adversus Haereses de Ireneu de Lyon. Outras fontes são as Epístolas de Inácio, entre elas uma para Policarpo e outra para os esmirniotas, e a própria epístola aos filipenses. A chamada "Vida de Policarpo", os trechos em Tertuliano, Eusébio de Cesareia e em Jerônimo são consideradas não históricas (primeiro caso) ou baseadas em material prévio (demais). Em 1999, alguns fragmentos coptas dos séculos III a VI sobre Policarpo foram publicados sob o nome de "Fragmentos de Harris" .
De acordo com Ireneu, Policarpo era companheiro de Papias de Hierápolis8 , outro que "ouviu João", nas palavras de Ireneu ao interpretar o testemunho de Pápias, e um correspondente de Inácio de Antioquia. Este endereçou-lhe uma carta e o menciona em suas próprias correspondências com os efésios e com os magnésios.
Ireneu considerava a memória de Policarpo como sendo uma ligação direta com o passado apostólico. Ele relata quando e como ele se tornara cristão e, em sua epístola a Florinus, afirmou ter visto e ouvido Policarpo pessoalmente na Ásia Menor. Ele relata, principalmente, ter ouvido o relato da discussão de Policarpo com "João, o Presbítero" e com outros que haviam visto Jesus. Ireneu também reporta que Policarpo se convertera pelas mãos dos apóstolos e por eles foi consagrado bispo (segundo Jerônimo, por João9 ). Diversas vezes ele enfatiza a idade avançada de Policarpo.
O "Martírio..." relata que Policarpo, no dia de sua morte, disse "Por oitenta e seis anos, eu O servi", o que poderia indicar que ele teria então esta idade ou que ele teria vivido este tempo após ter se convertido . Ele prossegue dizendo "Como então posso ter blasfemado contra meu Rei e Salvador? Prossigais com tua vontade." Policarpo foi então queimado vivo na estaca por se recusar a acender incenso para o imperador romano11 . A data da morte é disputada. Eusébio a coloca no reinado de Marco Aurélio (ca. 166 - 167), porém, uma adição pós-Eusébio ao "Martírio" coloca a morte num sábado, 23 de fevereiro, durante o proconsulado de Statius Quadratus (ca. 155-156). Estas datas mais antigas casam melhor com a tradição de sua associação com Inácio de Antioquia e com o apóstolo João. Lightfoot defendia a data mais antiga enquanto que Killen discordava ferozmente.
Importância
Policarpo ocupa um lugar importante na história do cristianismo primitivo . Ele é contado entre os primeiros cristãos cuja alguma obra sobreviveu. É provável que ele tenha conhecido o apóstolo João, um dos doze apóstolos9 . Ele era também o ancião de uma importante congregação que teve importante papel na consolidação da Igreja Cristã. Ele é também de uma época cuja ortodoxia é geralmente aceita pelas igrejas ortodoxas, católicas orientais, por grupos adventistas, protestantes (tradicionais, não reformados) e católicos. De acordo com David Trobisch, Policarpo pode ter sido um dos que compilou, editou e publicou o que seria chamado de "Novo Testamento" . Todos estes fatos aumentam muito o interesse sobre sua obra.
Ireneu escreveu o seguinte sobre ele : "Um homem que era de estatura muito maior e uma testemunha mais firme da verdade do que Valentim, Marcião e o resto dos heréticos [gnósticos]". Policarpo viveu no período seguinte à morte dos apóstolos, quando uma grande variedade de interpretações sobre o que Jesus havia dito e feito estava sendo pregada. Seu papel foi de autenticar o que seria considerado "ortodoxo" através de sua famosa relação com o apóstolo João: "um grande valor era atribuído ao testemunho que Policarpo poderia dar como sendo a genuína tradição da antiga doutrina apostólica", comentou Henry Wace , "seu testemunho condenando como novidades ofensivas a ficção dos professores heréticos"
Obras
Ver artigo principal: Epístola de Policarpo aos Filipenses
A única obra sobrevivente atribuída a Policarpo é a Epístola de Policarpo aos Filipenses enviada em 1109 ., um mosaico de referências às Escrituras em grego, preservada no relato de Ireneu sobre a vida do bispo de Esmirna. Ela, um trecho do "Martírio" que tem a forma de uma carta circular da Igreja de Esmirna para as demais igrejas da província do Ponto, são parte de uma coleção de escritos dos Cristãos Apostólicos. Juntamente com os Atos dos Apóstolos, que contém o relato do martírio de Estevão, o "Martírio de Policarpo" é considerado como sendo uma dos mais antigos relatos genuínos de martírios cristãos e um dos poucos relatos sobreviventes compostos na época das perseguições.
Justino
Justino (em latim: Flavius Iustinus ou Iustinus Martir), também conhecido como Justino Mártir ou Justino de Nablus (100 - 165) foi um teólogo do século II. Seu lugar de nascimento foi Flávia Neápolis (atual Nablus), na Síria Palestina ou Samaria. A educação infantil de Justino incluiu retórica, poesia e história. Como jovem adulto mostrou interesse por filosofia e estudou primeiro estoicismo e platonismo.
Justino foi introduzido na fé diretamente por um velho homem que o envolveu numa discussão sobre problemas filosóficos e então lhe falou sobre Jesus. Ele falou a Justino sobre os profetas que vieram antes dos filósofos, ele disse, e que falou "como confiável testemunha da verdade". Eles profetizaram a vinda de Cristo e suas profecias se cumpriram em Jesus. Justino disse depois que "meu espírito foi imediatamente posto no fogo e uma afeição pelos profetas e para aqueles que são amigos de Cristo, tomaram conta de mim; enquanto ponderava nestas palavras, descobri que a sua era a única filosofia segura e útil". Justino "se consagrou totalmente a expansão e defesa da religião cristã".
Justino continuou usando a capa que o identificava como filósofo e ensinou estudantes em Éfeso e depois em Roma. Os trabalhos que escreveu inclui: duas apologias em defesa dos cristãos e sua terceira obra foi Diálogo com Trifão. A convicção de Justino da verdade do Cristo era tão completa que ele teve morte de mártir sendo decapitado no ano 165 d.C..
Participação das criaturas racionais no Logos
O ponto central da apologética de Justino consiste em demonstrar que Jesus Cristo é o Logos do qual todos os filósofos falaram, e, portanto, a medida que participam do Logos chegando a expressar uma verdade parcial - vendo a verdade de modo obscuro - graças à semente do Logos que neles foi depositada podem dizer-se cristãos. Mas uma coisa é possuir uma semente e outra é o próprio Logos:
“Aprendemos que Cristo é o primogênito de Deus e que é o Logos, do qual participa todo o gênero humano” (Justino - Apol. Prima, 46).
“Consequentemente, aqueles que viveram antes de Cristo, mas não segundo o Logos, foram maus, inimigos de Cristo (...) ao contrário aqueles que viveram e vivem conforme o Logos são cristãos, e não estão sujeitos a medos e perturbações” (Justino – I Apologia).
Toda pessoa, criada como ser racional, participa do Logos, que leva desde a gestação e pode, portanto perceber a luz da verdade. Justino, convencido de que a filosofia grega tende para Cristo, "acredita que os cristãos podem servir-se dela com confiança" e em conjunto, a figura e a obra do apologista "assinalam a decidida opção da Igreja antiga em favor da filosofia, em vez de ser a favor da religião dos pagãos", com a qual os primeiros cristãos "rechaçaram com força qualquer compromisso".
Justino, em particular, notadamente em sua primeira Apologia, conduziu uma crítica implacável com relação à religião pagã e a seus mitos, que ele considerava como «caminhos falsos» diabólicos no caminho da verdade.
Assim, Justino, e com ele os outros apologistas, marcaram a tomada de posição nítida da fé cristã pelo Deus dos filósofos contra os falsos deuses da religião pagã. Era a escolha pela verdade do ser, contra o mito do costume.
Sobre o batismo
“Vamos expor de que modo, renovados por Cristo, nos consagramos a Deus. Todos os que estiverem convencidos e acreditarem no que nós ensinamos e proclamamos, e prometerem viver de acordo com essas verdades, exortamo-los a pedir a Deus o perdão dos pecados, com orações e jejuns; e também nós oraremos e jejuaremos unidos a eles. Em seguida, levamo-los ao lugar onde se encontra água; ali renascem do mesmo modo que nós também renascemos: recebem o batismo da água em nome do Senhor Deus Criador de todas as coisas, de nosso Salvador Jesus Cristo e do Espírito Santo. Com efeito, foi o próprio Jesus Cristo que afirmou: Se não renascerdes, não entrareis no reino dos céus (cf. Jô 3,3.5). É evidente que não se trata, uma vez nascidos, de entrar novamente no seio materno”. (Justino – I Apologia Cap. 61 : PG 6,419 - 422)
"Os que são batizados por nós são levados para um lugar onde haja água e são regenerados da mesma forma como nós o fomos. É em nome do Pai de todos e Senhor Deus, e de Nosso Senhor Jesus Cristo, e do Espírito Santo que recebem a loção na água. Este rito foi-nos entregue pelos apóstolos". (Justino, ano 151 d.C., I Apologia 61).
O culto perpétuo dos cristãos
“Os apóstolos em suas memórias que chamamos evangelhos, nos transmitiram a recomendação que Jesus lhes fizera. Tendo ele tomado o pão e dado graças, disse: Fazei isto em memória de Mim. Isto é o Meu Corpo [Lc 22,19 ; Mc 14,22]; e tomando igualmente o cálice e dando graças, disse: Este é o Meu Sangue [Mc 14,24], e os deu somente a eles. Desde então, nunca mais deixamos de recordar estas coisas entre nós” (Justino – I Apologia Cap. 66-67 : PG 6,427 - 431).
O Dia do culto dos cristãos
Justino afirma que os cristãos guardavam como dia sagrado a Deus o Domingo, pois foi neste dia que Jesus Cristo ressuscitou dos mortos:
“Reunimo-nos todos no dia do Sol [o primeiro dia da semana era denominado de dia de Sol no Império Romano até o século IV], não só porque foi o primeiro dia em que Deus, transformando as trevas e a matéria, criou o mundo, mas também porque neste mesmo dia Jesus Cristo, nosso Salvador, ressuscitou dos mortos. Crucificaram-no na véspera do dia de Saturno; e no dia seguinte a este, ou seja, no dia do Sol, aparecendo aos seus apóstolos e discípulos, ensinou-lhes tudo o que também nós vos propusemos como digno de consideração” (Justino I – Apologia Cap. 66-67 : PG 6,427 - 431).
Descrição do culto dos cristãos
“No chamado dia do Sol, reúnem-se em um mesmo lugar todos os que moram nas cidades ou nos campos. Lêem-se as memórias dos apóstolos ou os escritos dos profetas, na medida em que o tempo permite. Terminada a leitura, aquele que preside toma a palavra para aconselhar e exortar os presentes à imitação de tão sublimes ensinamentos.
Depois, levantamo-nos todos juntos e elevamos as nossas preces; como já dissemos acima, ao acabarmos de orar, apresentam-se pão, vinho e água. Então o que preside eleva ao céu, com todo o seu fervor, preces e ações de graças, e o povo aclama: Amém. Em seguida, faz-se entre os presentes a distribuição e a partilha dos alimentos que foram eucaristizados, que são também enviados aos ausentes por meio dos diáconos.
Os que possuem muitos bens dão livremente o que lhes agrada. O que se recolhe é colocado à disposição do que preside. Este socorre os órfãos, as viúvas e os que, por doença ou qualquer outro motivo se acham em dificuldade, bem como os prisioneiros e os hóspedes que chegam de viagem; numa palavra, ele assume o encargo de todos os necessitados” (Justino - I Apologia Cap. 66-67 : PG 6,427 - 431).
Eucaristia
A Fé dos cristãos primitivos na eucaristia: Corpo e Sangue de Cristo:
"Designamos este alimento eucaristia. A ninguém é permitido dele participar, sem que creia na verdade de nossa doutrina, que já tenha recebido o batismo de remissão dos pecados e do novo nascimento, e viva conforme os ensinamentos de Cristo. Pois não tomamos estas coisas como pão ou bebida comuns; senão, que assim como Jesus Cristo, feito carne pela palavra de Deus, teve carne e sangue para salvar-nos, assim também o alimento feito eucaristia (...) é a Carne e o Sangue de Jesus encarnado. Assim nos ensinaram." (Primeiro livro das Apologias de Justino, pag. 65-67.)
Os evangelhos canônicos
Justino freqüentemente cita os evangelhos: de Mateus, de Marcos, de Lucas e possivelmente de João, contudo não cita sob o nome de Mateus, de Marcos, de Lucas, e sim de “Memória dos apóstolos”. Por isso chegou-se afirmar que Justino desconhecia a divisão em quatro evangelhos, afirmada, por exemplo, fortemente por Ireneu mais ou menos 30 anos mais tarde.
Portanto, é provável que os quatro evangelhos andassem juntos desde o inicio do século II d.C. e referia-se a esses evangelhos com um nome genérico, como “Memória dos apóstolos”. Ou, também, que já no inicio do II século se conhecia a distinção dos quatro evangelhos, mas de acordo com o testemunho de Justino era mais comum citá-los com um único nome.
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